A coragem de ser
- Fabio Corrêa
- 14 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de set. de 2020
O pensador existencialista Paul Tillich, em seu livro “A coragem do Ser”, nos relata que uma das possibilidades do ser humano favorecer seu crescimento pessoal é utilizando-se da virtude, através da qual, o homem corajoso age “ em prol do que é nobre, porque esse é o alvo da virtude”.
Platão definiu a coragem como sendo “o elemento que fica entre o intelectual e sensual do homem; ocupando uma posição central na estrutura da alma, constituindo uma ponte sobre a fenda entre a razão e o desejo”.
Tenho refletido muito sobre as dificuldades que a maioria das pessoas tem em ousar, diante dos impasses ou decisões vitais aos quais somos constantemente submetidos, em diferentes momentos de nosso ciclo familiar. Sejam estes momentos o ato de casar; o projeto de ter um filho; a questão de como cuidar dos filhos na adolescência; o que fazer diante das separações e perdas; ou, até mesmo, uma mudança de profissão. Enfim, momentos em que as atitudes a serem tomadas exijam a coragem de ser ou de ousar, diante do novo e que nos levam a um grau intenso de ansiedade e angústia. É o caminhar entre a aventura de ser ou não ser, para que nos tornemos um ser mais corajoso e autêntico.
A seguinte narrativa ilustra bem a questão acima exposta:
Certa feita um rei submeteu sua corte à prova para preencher um importante cargo. Um grande número de homens e sábios reuniu-se ao redor do monarca. “Ó vós, sábios, disse o rei,” eu tenho um problema e quero ver qual de vós tem condições de resolve-lo”.
Ele conduziu os homens a uma porta enorme, maior do que qualquer outra por eles já vista. O rei esclareceu: “Aqui vedes a maior e mais pesada porta de meu reino. Quem dentre vós pode abri-la?” Alguns dos cortesãos simplesmente balançaram a cabeça.
Outros, contados entre os sábios, olharam a porta mais de perto, mas reconheceram não ter capacidade de fazê-lo. Tendo escutado o parecer dos sábios, o restante da corte concordou que o problema era difícil demais para ser resolvido.
Somente um único vizir aproximou-se da porta. Ele examinou-a com os olhos e os dedos, tentou move-la de muitas maneiras e, finalmente puxou-a com força. E a porta abriu-se. Ela tinha estado apenas encostada, não completamente fechada, e as únicas coisas necessárias para abri-la eram a disposição de reconhecer tal fato e a coragem de agir com audácia.
O rei disse: Tu receberás a posição na corte, pois não confias apenas naquilo que vês ou ouves; tu colocas em ação tuas próprias faculdades e arriscas experimentar.³
A coragem de ser, ousar ou experimentar diante dos obstáculos vividos por nós, é que nos faz ampliar a possibilidade de nos tornarmos seres mais capacitados para enfrentar as vicissitudes da vida. Ou seja, um ser humano capaz, corajoso, e ousado é aquele que aprende com as próprias experiências, ao mesmo tempo em que qualifica as experiências alheias.
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